terça-feira, 31 de maio de 2011

1976 - Edu Lobo - Limite das Águas


Ouço este disco e escuto um Edu náufrago. Perdido em mares de desilusão e guiado pela bússola da esperança, Lobo parece procurar forças para acreditar que o amor pode renascer. A primeira faixa evidencia esse sentimento [de desilusão]: "Tinha traição no caso / Tinha desengano / Tinha leva-e-trás / Um coração calado / Uma intenção partida / Um desencontro a mais". Interessante notar que até a concepção de orquestração foge um pouco dos padrões deste grande arranjador. Aqui, os diálogos mais interessantes estão entre instrumentos de sopro e vocais e o piano perde parte do destaque.
Os instrumentos de sopro remetem ao prenúncio de tempo de águas. Aquele vento que vira e precede chuva que invade o disco junto de letras encharcadas de lirismo em que transbordam palavras como rio, mar, ondas, marinheiro, remador, navegar, destino, fruto, etc.
Como de praxe, Edu estava circundado por excelentes músicos. Dentre outros, listo Toninho Horta, Mauro Senise, Nivaldo Ornelas, Danilo Caymmi e Jacques Morelenbaum.

01 - Uma vez um caso (part. Joyce)
02 - Negro, negro
03 - Considerando
04 - Toada
05 - Gingado dobrado (nordestino)
06 - Limite das águas
07 - Cinco criancas
08 - Segue o coração
09 - Repente

sexta-feira, 27 de maio de 2011

1975 - Jorge Ben - Solta o Pavão


Em dia de festa no futebol brasileiro, resolvi também jogar confete. "Zagueiro", faixa que abre este disco de extrema qualidade e inspiração, é homenagem ao beque Rondineli em que Jorge, com a magia que lhe é peculiar, narra (com incontáveis jargões futebolísticos, claro!) as virtudes necessárias ao jogador desta ingrata posição.
Os encantos de "Solta o Pavão" não param por aí. Arranjos venenosos inserem piano (e piano elétrico), flautas, vozes, violão, orquestra de cordas, arp strings, baixo e bateria e dão às músicas tom de realeza caindo na folia (assim como hoje).
Com rara beleza e certo misticismo, elegantemente Jorge conduz sua trupe para fazer ousado e imperdível disco. "Jorge de Capadócia" tem aqui registro definitivo e arrepiante, quando com quase um minuto de música, ele insere quebra de entortar ouvidos e "recomeça" a música com fascinante piano elétrico. Outros clássicos também nasceram aqui: "Se segura malando" e "Dumingaz" são alguns exemplos.
"Velhos, Flores, Criancinhas e Cachorros" é linda oração em que Ben docilmente pede misericórdia e sabedoria ao Nosso Senhor para fazer dele um enviado para salvar velhos, flores, criancinhas e cachorros. Estou certo que conseguiu salvar muito mais que isso.

01 - Zagueiro
02 - Assim Falou Santo Tomaz De Aquino
03 - Velhos, Flores, Criancinhas e Cachorros
04 - Dorothy
05 - Cuidado Com O Bulldog
06 - Para Ouvir No Rádio (Luciana)
07 - O Rei Chegou, Viva O Rei
08 - Jorge De Capadócia
09 - Se Segura Malandro
10 - Dumingaz
11 - Luz Polarizada
12 - Jesualda


Afetuosamente, dedico este post ao Calheiros e ao Tonico, que brindaram-me com belíssimos emails neste dia de festa!

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Lançamento CD "IO" - Sérgio Benevenuto


Boa sugestão para quem está em Vitória hoje é ir ao Bar Twins e participar da festa de lançamento do CD "IO", de Sérgio Benevenuto. Tive oportunidade de ouvir o disco e recomendo.

2008 - Sérgio Benevenuto - Onde Andará Ruff Cutz?


Situo o leitor com transcrição de trecho do release de Benevenuto. "(...)tem como parceiro um banco de loops de bateria chamado Ruff Cutz, uma paródia a 'rough cuts' ('takes toscos' ou 'cortes toscos'), gravados por um músico holandês descoberto em suas pesquisas [de Sérgio] na internet."
Sérgio Benevenuto, produtor musical, professor, arranjador e músico, após longa caminhada nos bastidores da música, lançou seu primeiro disco em 2008. Com interessante proposta de fazer disco "cinematográfico" em que melodias facilmente convertem-se em imagens, recrutou competentes músicos para gravar "Por Onde Andará Ruff Cutz". A intenção foi fazer disco de malemolente pegada em que os artistas estariam livres para suingar, não muito presos a script pré-estabelecido. Por considerar-se mais arranjador e produtor, Sérgio empenhou maior esforço em arranjos e melodias ao invés de virtuose em solos de instrumentos.
Ouço "Ruff Cutz" e tenho impressão de ver Sérgio passeando dentro do universo musical que o circula. É obra do artista olhando para fora, como bem ilustra a capa, a procura está pelas ruas de suas cidades .
Gosto muito do diálogo entre duas vozes nas faixas "As Franjas do Vestido de Sônia" (flauta em sol que me remete às praias de Los Angeles de um lado e trompete de noites de jazz em NY do outro) e "O Suingue do Menino no Molejo Dela", repletas de cadência jazzística e interessante suingue. Destaco também a faixa "Cores da Alma" que tem pegada intimista e belíssima instrumentação.

01 - Ocrópteros
02 - As Franjas do Vestido de Sônia
03 - De Repente na Cidade Tour
04 - Cores da Alma
05 - Mas a Parada é Dupla
06 - Absinto
07 - Kalma Lá,Vizim
08 - Mania de Perseguição
09 - O Suingue do Menino no Molejo Dela
10 - Onde Andará Ruff Cutz?

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Aquarela

terça-feira, 24 de maio de 2011

1998 - Nana Caymmi - Resposta Ao Tempo


Nana Caymmi tem o dom de emocionar com fortes e graves interpretações. "Resposta ao Tempo", música que dá título ao disco é ilustrativo exemplo. Nana passeia com densa beleza sobre história de relação entre memória, tempo e sonhos desfeitos. Impressionante como ela não perde o fôlego e imprime linda cadência nesta intensa história. Outro momento em que o disco aborda o tema tempo e memória afetiva é "Não Se Esqueça de Mim", letra de Erasmo e Roberto Carlos em que apesar de um romance acabado, permanece o desejo de que a lembrança se perpetue no coração de antigo amante: "Onde você estiver, não se esqueça de mim".
Álbum com arranjos sutis em que a banda está preparada para sustentar o brilho de Nana. Destaque para as participações de Chico Buarque, Emílio Santiago e Erasmo Carlos.

01 - Resposta Ao Tempo
02 - Até o Redentor
03 - Não Se Esqueça de Mim (part. Erasmo Carlos)
04 - Meu Sonho
05 - Cantiga
06 - Chega de Tarde
07 - Bolero de Neblina
08 - Doralinda (part. Emílio Santiago)
09 - Longe dos Olhos
10 - Saudade do Rio
11 - A Cara do Espelho
12 - Pra Machucar Meu Coração
13 - Até Pensei (part. Chico Buarque)
14 - Fascinação (Fascination)
15 - Minha Nossa Senhora

segunda-feira, 23 de maio de 2011

1978 - Edu Lobo - Camaleão


Um dos maiores talentos de Edu Lobo é a capacidade de montar arranjos com imensa qualidade. Em "Camaleão", ele passeia por diversos ritmos (forró, bossa, clássica etc) com belíssimas instrumentações, cheias de texturas muito bem elaboradas que fazem-nos passear Brasil afora e Edu adentro. Outro ponto forte deste disco é Edu Lobo harmonizar união de elegante piano com vozes do grupo Boca Livre, instrumentos de sopro e seu próprio canto.
A seleção do repertório não fica atrás e agrega ainda mais beleza à obra. "Lero Lero", faixa de abertura, não a toa virou hit e embute dentre seus elementos letra envolvente e maliciosa, cadência suingada e rica participação dos vocais do Boca Livre. A faixa seguinte, releitura de "Trenzinho do Caipira" com adendo de poema de Fereira Gullar é no mínimo marcante. "Coração Noturno" tem desconcertante união entre arranjo e letra: "Meu coração bate lento / Como se fôsse um pandeiro / Marcando meu sentimento / Retendo meu desespero", acordes melancólicos aliados a timbres cortantes despedaçam o coração do ouvinte.
Sugiro especial atenção ao piano deste disco.

01 - Lero Lero (part. Boca Livre)
02 - O Trenzinho Do Caipira (part. Boca Livre)
03 - Coração Noturno
04 - Canudos (part. Boca Livre)
05 - Camaleão
06 - Sanha Na Mandinga (part. Boca Livre)
07 - Branca Dias
08 - Bate Boca
09 - Descompasso
10 - Memórias De Marta Saré (part. Wanda Sá)

A Rosa do Povo

Caro leitor, uma vez mais abuso de tua paciência e posto poema do Drummond.
"Passagem do ano" está em "A Rosa do Povo" (livro que foi leitura obrigatória no ano em que fiz vestibular) e Drummond, com sua mágica forma de encarar as coisas, aborda assunto que o blog homenageia este ano: o tempo.

PASSAGEM DO ANO
(Carlos Drummond de Andrade)

O último dia do ano
não é o último dia do tempo.
Outros dias virão
e novas coxas e ventres te comunicarão o calor da vida.
Beijarás bocas, rasgarás papéis,
farás viagens e tantas celebrações
de aniversário, formatura, promoção, glória, doce morte com
[sinfonia e coral,
que o tempo ficará repleto e não ouvirás o clamor,
os irreparáveis uivos
do lobo, na solidão.

O último dia do tempo
não é o último dia de tudo.
Fica sempre uma franja de vida
onde se sentam dois homens.
Um homem e seu contrário,
uma mulher e seu pé,
um corpo e sua memória,
um olho e seu brilho,
uma voz e seu eco,
e quem sabe até se Deus...

Recebe com simplicidade este presente do acaso.
Mereceste viver mais um ano.
Desejarias viver sempre e esgotar a borra dos séculos.
Teu pai morreu, teu avô também.
Em ti mesmo muita coisa já expirou, outras espreitam a morte,
mas estás vivo. Ainda uma vez estás vivo,
e de copo na mão
esperas amanhecer.

O recurso de se embriagar
O recurso da dança e do grito,
o recurso da bola colorida,
o recurso de Kant e da poesia,
todos eles... e nenhum resolve.

Surge a manhã de um novo ano.

As coisas estão limpas, ordenadas.
O corpo gasto renova-se em espuma.
Todos os sentidos alerta funcionam.

A boca está comendo vida.
A boca está entupida de vida.
A vida escorre da boca,
lambuza as mãos, a calçada.
A vida é gorda, oleosa, mortal, sub-reptícia.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Poemas Brasileiros


Sexta feira passada, João Donato fez show no Teatro do Sesi que só de lembrar arrepio. Coisa linda ver aquele gênio interagindo com piano, voz e platéia.
Teremos hoje outra noite de gala. O Teatro Carlos Gomes receberá Wanderson Lopez com o show Poemas Brasileiros. Tive a alegria de estar presente na noite de lançamento do disco.
Wanderson é artista que preocupa-se com detalhes e no referido espetáculo, encantamento surge com o abrir das cortinas. Ao fundo há lindo e enorme painel de tecido (aproximadamente 12 metros de largura por 6 de altura) repleto de bordados, pinturas e colagens com balões e desenhos semelhates aos da capa do CD. Trabalho manual feito pelo próprio Wanderson Lopez com ajuda da mãe e do amigo Dan Mendonça.
Acompanhado de excelentes músicos, dentre eles os parceiros de Baobá Trio Edu Szajnbrum, baterista e percussionista de rara classe e o jovem e talentoso pianista (que hoje tocará acordeon) Fabiano Araújo (dois discos gravados e também fez memorável show de lançamento do disco O Aleph no mesmo Teatro Carlos Gomes). Também tocarão Anderson Paiva, Kako Dinelli, Pedro de Alcântara e Roger Rocha.
Esta noite, tenho certeza que viajarei com Wandinho e trupe pelas estradas que ligam Minas ao Espírito Santo e Bahía, passeando por inesperados cantos do Brasil e mundo.
Mal posso esperar!

Oração

Juvenil, besta, de mulherzinha e lindo!


PS: o video lembrou-me o de Elephant Gun do Beirut

quinta-feira, 19 de maio de 2011

1978 - Paulinho da Viola [1996 Remaster]


"Algo de muito especial ocorre então.
E não à linha da superfície, como
pode parecer a princípio.
Para alguns desses homens, o
conhecimento do instrumento se deu
muito antes: quando ele era ainda
madeira.
Ou mais: quando era uma árvore,
que descia chão a dentro até os
úmidos e escuros segredos da vida - o
mesmo chão que os pés do menino
um dia pisou.
E ainda pisa."

Depois destes fortes versos extraídos do encarte, sugiro pleno deleite do disco em que beleza brota antes mesmo dos primeiros acordes. O trabalho do luthier (pai do som dos instrumentos de corda) é registrado com bonitas palavras, poéticas imagens e lembra-nos que escolha de madeira ideal, cortes adequados, tamanhos que se encaixem com as mãos do artista são partes fundamentais do processo.
Musicalmente falando, temos aqui um Paulinho da Viola em sua plenitude que ao passear por diversas referências, brinda-nos num mesmo álbum com samba-canção, samba de roda e choro sempre com classe, leveza e maestria.
Destaque para a música de abertura, uma das muitas parcerias com Elton Medeiros, Sentimento Perdido carrega famosa sabedoria que o tempo entrega e que alguns fazem dela objeto de melancolia, tristeza ou rancor, enquanto outros vêm nos dizer "pensei que havia em mim um sentimento perdido não percebi quanto estava iludido e outra vez amei".
Feliz de quem ouve o Paulinho.

01 - Sentimento Perdido
02 - Atravessou
03 - Mudei De Opinião
04 - Coração Leviano
05 - Sofrer
06 - Uma História Diferente
07 - Cenários
08 - Pelos Vinte
09 - Apoteose ao Samba
10 - Sarau Para Radamés
11 - Nos Horizontes Do Mundo
12 - Miudinho

quarta-feira, 18 de maio de 2011

1987 - Tom Jobim - Passarim


Passarim é fruto da casa do jardim botânico. Época em que Jobim estava mais envolvido com natureza, família e amigos. Álbum em que os familiares Paulo Jobim e Jaques Morelenbaum assinam a produção. Fotografias feitas por Ana Jobim, design gráfico de Elianne Jobim e pintura da capa de Beth Jobim.
Os charmes do disco não param por aí. Outro ponto de destaque é a quantidade de frases marcantes como "My life is such a mess, let's have a Brahma" / "You look so cute there wearing my pajamas" (Chansong); "Porque você, sorrindo, é muito mais que lindo" (Bebel); "We kiss we're high, we're riders in the sky" (Isabella).
Paulo Jobim e Jaques Morelenbaum também assinam os arranjos deste disco, mas suspeito que tamanha sobriedade, beleza e encaixe conta com auxílio de um leve e experiente Antonio Carlos Jobim.

01 - Passarim
02 - Bebel
03 - Borzeguim
04 - Anos Dourados
05 - Isabella
06 - Fascinatin' Rhythm
07 - Chansong
08 - Samba do Soho
09 - Luiza
10 - Brasil Nativo
11 - Gabriela

terça-feira, 17 de maio de 2011

1970 - Elton Medeiros e o Samba de Morro - História da MPB - Vol. 46


Caindo na máxima "um tema, uma palavara", definiria Elton Medeiros com sensibilidade. A parceria com Paulinho da Viola rendeu alguns dos mais belos sambas. Músicas leves, apaixonadas e inspiradoras fazem parte do repertório da dupla.
Este disco é uma coletânea feita pela editora Abril em que diversos cantores interpretam diferentes momentos da carreira do artista. Uma breve pincelada sobre o grandioso trabalho do Elton.
Deixo a letra de "Pressentimento", que ilustra bem o que disse sobre o ilustre sambista.

Pressentimento
(Elton Medeiros)
ai! ardido peito
quem irá entender o teu segredo?
quem ira pousar em teu destino?
e depois morrer do teu amor?

ai! mas quem virá?
me pergunto a toda hora
e a resposta é o silêncio
que atravessa a madrugada

vem meu novo amor
vou deixar a casa aberta
já escuto os teus passos
procurando meu abrigo

vem, que o sol raiou
os jardins estão florindo
tudo faz pressentimento
que este é o tempo ansiado
de se ter felicidade.

01 - Rosa de Ouro (Conjunto Rosa de Ouro)
02 - Pressentimento (Elza Soares)
03 - A maioria sem nenhum (Elton Medeiros)
04 - Filosofia do samba (Candeia)
05 - Quatro crioulos (Elton Medeiros)
06 - A voz do morro (Zé Keti)
07 - Viola de massaranduba (Geraldo Babão)
08 - Casa de bamba (Martinho da Vila)
09 - Vem chegando a madrugada (Noel Rosa de Oliveira)
10 - Deixa de zanga (Candeia)


quinta-feira, 12 de maio de 2011

1975 - Jorge Ben & Gilberto Gil - Gil & Jorge, Ogum Xango


Conheci este álbum nos [nem tão saudosos] tempos de baixar mp3 via napster ou emule, não lembro bem. Recordo a enorme expectativa para ouvir a união destes dois artistas que aprecio demais. Resultado foi enorme desilusão. Disco extremamente experimental que em quase nada lembra o Gil e o Jorge aos quais estava acostumado.
Os anos passaram com aquele pré-conceito estabelecido. Alguns meses atrás, grande amigo veio falando deste disco, que é bom demais etc e talz. Não só discordei como fiz questão de trocar o som. Mas a insistência foi grande e fomos escutá-lo.
O reencontro com esta pérola fez então sentido. O entrosamento entre os dois é algo desconcertante. Arrisco dizer que este é o trabalho em que ambos ficam mais próximos à psicolodelia. Disco gravado em clima de jam session em que eles exploram riffs, melodias, ritmos e vozes de maneira libertária.
Ouço agora e entendo que a junção de Gil e Jorge merecia disco nem um pouco óbvio, afinal de contas, estamos falando de dois dos mais melódicos e inovadores músicos populares brasileiros. Ou seja, temos Gil e Jorge remexendo suas mais profundas raízes sonoras em união simbiótica.

01 - Meu glorioso São Cristovão
02 - Nega (Photograph blues)
03 - Jurubeba
04 - Quem mandou (Pé na estrada)
05 - Taj Mahal
06 - Morre o burro, fica o homem
07 - Essa é pra tocar no rádio
08 - Filhos de Gandhi
09 - Sarro


PS: Vale mencionar que Eric Clapton ouviu Gil e Jorge tocando juntos e não só ficou impressionado com o resultado como foi dos maiores incentivadores para que eles registrassem esse encontro.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

1982 - Djavan - Luz


Djavan impressiona pela força da seqüência de seus trabalhos. Luz é seu quinto disco e aqui ele mostra ter fôlego para continuar no caminho de sólidos registros musicais. Álbum gravado e produzido nos Estados Unidos a convite da gravadora CBS (futura Sony Music) e com impacto naquele mercado. Naipes como o músico e produtor Quincy Jones elogiaram o trabalho.
A música de abertura, Samurai, conta com participação especial de Stevie Wonder. Aparições especialíssimas não param por aí. Ninguém menos que Moacir Santos assina arranjo de "Capim" e Raul de Souza também está presente em "Luz" e "Capim".
Dentre diversos hits, destaque para Samurai, Sina, Açaí e Pétala. Frases como "viver é todo sacrifício feito em seu nome"; "quanto mais desejo um beijo seu, mais gosto vejo em viver"; "quanto querer cabe em meu coração" e "vai sem me dizer na casa da paixão" sugerem um Djavan apaixonado que consegue exprimir a densidade de todo esse amor com acordes leves e suingados. Audição imperdível.

01 - Samurai
02 - Luz
03 - Nobreza
04 - Capim
05 - Sina
06 - Pétala
07 - Banho de Rio
08 - Açaí
09 - Esfinge
10 - Minha Irmã

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terça-feira, 10 de maio de 2011

1981 - Kleiton & Kleidir


Para a difícil tarefa de definir memória e nossa relação com ela, incialmente apelo para o dicionário. Dentre elas, escolho duas: "1 Faculdade de conservar ou readquirir idéias ou imagens. 2 Lembrança, reminiscência: Memória do passado". Ainda mais complicada é a tarefa de expor as nossas. Algumas vezes, no intuito de mostrar-me um pouco mais através de disco, rua, palavra, adjetivo ou qualquer outra reminiscência, corro o risco de ser mal interpretado. Acho que é minha eterna mania de expor-me. Juro não fazer por mal, mas advogar em causa própria é também caminhar por terrenos ardilosos.
Agora o leitor pergunta a razão deste primeiro parágrafo. Este disco tem para mim enorme valor sentimental. Lembro de incontáveis manhãs de sábado em que acordei ao som de "Navega Coração", meu pai com amigos na sala e eu emburrado tomando café da manhã. Deve ser por isso que até hoje gosto de acordar cedo aos sábados, algum resquício afetivo registrado em meu inconsciente. Talvez a música represente para mim eterno refúgio para aquelas inesquecíveis e aconchegantes manhãs e daí todo meu amor por ela.
Sobre a faculdade de readquirir idéias ou imagens, exponho mais uma memória. Durante certo período de minha vida sustentei que queria navegar por mares desconhecidos. Admito que o medo desta navegação não residia no desconhecido e sim na incerteza de minha bússola, que até hoje tenho dúvidas sobre para onde ela aponta. Tenho impressão que Kleiton e Kleidir deixaram algo profundamente registrado em mim: "Desde os tempos de menino / Aprendi a navegar / Com as bússolas / Que eu mesmo inventar".
Sobre o disco em si, tem muita coisa que precisa ser dita, mas simplesmente listarei alguns músicos envolvidos no projeto: Wagner Tiso, Sivuca, Vitor Ramil, Robertinho Silva etc.

01 - Deu pra ti
02 - Lagoa dos Patos
03 - Vinheta uni duni tê
04 - Estrela, Estrela
05 - Vinheta Lagoa dos Patos
06 - Semeadura
07 - Couvert artístico
08 - Paixão
09 - Vinheta n'heco n'heco
10 - Trova
11 - Noite de São João
12 - Vinheta do Sivuca [Lagoa dos Patos]
13 - Navega coração

1972 - Caetano Veloso - Transa


Notei que este disco estava com link quebrado, o que é falta gravíssima, pois aqui está um dos álbuns do Caetano que mais gosto. Difícil percorrer faixa a faixa e dizer qual mais me agrada. O cara já entra de sola com You don't know me: "Better never get to know me", depois, em Nine out of ten: "Nine out of ten movie stars made me cry"; não satisfeito, mete na seqüência Triste Bahia, Its a long way e Mora na filosofia. Simplesmente de tirar o fôlego.
Disco repleto de referências em que Caetano lindamente passeia por diversos ritmos musicais.
Classe A!

01 - You don't know me
02 - Nine out of ten
03 - Triste Bahia
04 - It's a long way
05 - Mora na filosofia
06 - Neolithic man
07 - Nostalgia (That's what rock'n roll is all about)

sexta-feira, 6 de maio de 2011

João

"a vida é uma escola em que a gente precisa aprender a ciência de viver pra não sofrer"

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Menino a navegar

"Desde os tempos de menino
Aprendi a navegar
Com as bússolas
Que eu mesmo inventar

Hoje eu sei as armadilhas
E os segredos desse mar
Que viver não é preciso
Nem será"

A gasolina anda cara e minha leitura atrasada. Uni pão-duragem à necessidade e vim trabalhar de ônibus com livro em mãos. Deparei-me com texto do Rubem Braga em que ele fala sobre lembranças de seu tempo de menino (quem quiser o texto, favor solicitá-lo via umamusicapordia@gmail.com). Como coincidência pouca é bobagem, recebi um email com este lindo video que também trata de memórias.
continua...
(ou não)


quarta-feira, 4 de maio de 2011

2009 - Duo Moviola - O Retrato do Artista Quando Pede


Após profundas pesquisas no Wikipédia, concluí que Moviola é marca de equipamento usado na montagem e edição cinematográfica. Para descobrir o que é Duo, tive que fazer pesquisa mais profunda (não revelo minhas fontes!) e apenas afirmo que quer dizer dois.
Pois vejam só que coisa incrível. Esta dupla de dois músicos/compositores é formada por Douglas Germano e Kiko Dinucci. No trabalho eles misturam "ação, violência, drama, humor cinismo" com trilha sonora original. Segundo eles, a proposta é fazer das canções trilha sonora para os roteiros cinematográficos que são as letras. Acho que a vida desses caras parece um filme do Bruce Lee misturado com Charlie Chaplin, Hitchcock e Woody Allen.
Gostei do sarcasmo, ironia e críticas de Caderninho de Vergonhas, Mal de Percussion e O Retrato Do Artista Quando Pede. Vale uma conferida de peito aberto.

01 - Déjà Vu
02 - Por Favor
03 - Cine Star
04 - Cio
05 - Ré
06 - Agenda
07 - Macambúzio
08 - Mal De Percussion
09 - Floradas De Amor
10 - A Loira Do Banheiro
11 - Caderninho De Vergonhas
12 - O Retrato Do Artista Quando Pede

terça-feira, 3 de maio de 2011

1966 - Chico Buarque de Hollanda


Trabalho que é o pontapé inicial dado por Chico Buarque rumo a uma carreira de discos, músicas e livros de grande sucesso com o público. Já aqui, Chico mostra a força e inteligência de suas letras. Algumas canções já foram regravadas inúmeras vezes e fãs pedem em shows até hoje A Banda; A Rita e Olê Olá são alguns exemplos disso.

01 - A Banda
02 - Tem Mais Samba
03 - A Rita
04 - Ela e Sua Janela
05 - Madalena Foi Pro Mar
06 - Pedro Pedreiro
07 - Amanhã, Ninguém Sabe
08 - Você Não Ouviu
09 - Juca
10 - Olê Olá
11 - Meu Refrão
12 - Sonho De Um Carnaval