segunda-feira, 22 de agosto de 2011

1980 - Vinicius de Moraes - Testamento


Difícil resumir em palavras esta jornada que hoje completa cinco anos. Por incontáveis vezes perguntei-me sobre o propósito deste espaço. Seria aqui lugar para indiretamente revelar meu humor, minhas paixões, meus medos, meus sonhos? Estaria aqui para compartilhar músicas que me tocam? Ou então é alguma forma de auxiliar minha combalida memória? Admito que continuo incapaz de responder tais questões.
Olhar para trás e pensar no caminho percorrido nestes marcantes 5 anos sem emocionar-me é impossível. Lembro da primeira postagem, das primeiras revelações (um tanto inseguras) aos amigos sobre essa história de ter blog, da primeira declaração de amor, dos momentos de silêncio, desabafos, piadas, textos de amigos, interações com leitores, artistas e tantas outras experiências que não passaram (nem passarão) em branco.
Para comemorar a data, deixo este "Testamento" de incalculável valor que o querido poetinha Vinicius de Moraes presenteou-nos em 1980. O disco conta com participações de Toquinho, Marilia Medalha, Maria Creuza e Maria Bethânia e é cheio das mais lindas frases tais como "quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não". Andava meio em falta com o "branco mais preto do Brasil, na linha direta de Xangô", mas neste frio final de semana, Vininha veio aquecer meu coração ao recitar versos dentro de "Eu sei que vou te amar" e também machucá-lo um pouco ao relembrar-me das inúmeras despedidas com "Mais um adeus".
Obrigado a todos que de alguma forma fazem parte desta fantástica experiência!

01 - Como Dizia O Poeta [Vinicius, Toquinho e Maria Medalha]
02 - Mais Um Adeus [Toquinho e Maria Medalha]
03 - Tarde Em Itapoan [Vinicius, Toquinho e Maria Medalha]
04 - O Velho E A Flor [Vinicius e Toquinho]
05 - Eu Sei Qu Vou Te Amar [Vinicius e Maria Creuza]
06 - Testamento [Vinicius e Toquinho]
07 - São Demais Os Perigos Dessa Vida [Vinicius e Toquinho]
08 - Apelo [Vinicius, Toquinho e Maria Bethania]
09 - Garota De Ipanema [Vinicius e Toquinho]
10 - Marcha De 4a Feira De Cinzas [Vinicius e Toquinho]
11 - Tomara [Vinicius e Maria Medalha]
12 - Canto De Ossanha [Maria Creuza, Vinicius e Toquinho]


PS: ando um tanto ausente, portanto não sei se ainda hoje conseguirei responder a todos os comentários que pintaram por aqui durante este período

sábado, 6 de agosto de 2011

Novos Rumos

Paulinho da Viola e sua sensitiva sabedoria.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

1976 - Edu Lobo - Limite das Águas


Hoje reposto o disco "Limite das Águas" com texto do grande amigo e consultor para assuntos transcendentais Carlos Jr. Desde nossa adolescência o cara curtia Edu Lobo e um dia conseguiu convencer-me que o cara é sensacional. Acontece que ele leu meu texto sobre este disco e teve ponto de vista diferente do meu. Nada mais justo do dar a voz ao cara.

"Este disco foi criado pelo Edu depois que ele voltou de um período em Los Angeles estudando arranjo e orquestração. Mas ao contrário do que poderia se esperar, é um disco essencialmente centrado na força da canção. Por outro lado, é clara a influência que a temporada no exterior exerceu sobre seu processo criativo. É como se agora Edu fosse capaz de pensar a canção sem estar preso ao instrumento (seja o violão ou o piano – no caso dele, mais o violão), ou pelo menos, como se tivesse adquirido uma habilidade maior para desconstruir a própria idéia original a partir de um leque mais rico de possibilidades musicais, tal como o diretor de cinema que lê o roteiro original e imagina mil situações para transformá-lo em filme.
Em suma, é como se Edu tomasse consciência de que uma canção é mais um roteiro do que uma música, e que o resultado final pode ser infinitamente mais rico do que a mera sobreposição da seção rítmica e melódica à idéia musical original. Talvez neste disco Edu esteja fazendo música como quem faz cinema...
As letras tentam romper de vez com a herança bossa-novista de seu parceiro e referência de início de carreira, Vinícius de Morais. Com exceção talvez de duas faixas, “Considerando” e “Toada”, as letras tentam exprimir uma subjetividade menos linear, mais fragmentada, como que tentando transmitir a intensidade das impressões, mais do que sua síntese numa “moral sentimental da história”. Outras vezes, elas seguem o caminho oposto e assumem a figura de um narrador externo, mas ainda preferindo o relato fragmentado e “impressionado” dos fatos, jogando de forma (propositalmente) confusa com eles, como se a intenção fosse mais construir uma certa “textura simbólica”, do que contar uma história propriamente.
Enfim, este me parece um disco onde Edu se sente maduro o suficiente para permitir se perder, arriscar novos caminhos musicais, sem com isso abrir mão da unidade estética, ou perder o leme do processo criativo. Como se ele tivesse a confiança de que, ao final, ele se encontraria novamente, mas agora num novo patamar artístico."
Carlos Dalla Bernardina Junior

01 - Uma vez um caso (part. Joyce)
02 - Negro, negro
03 - Considerando
04 - Toada
05 - Gingado dobrado (nordestino)
06 - Limite das águas
07 - Cinco criancas
08 - Segue o coração
09 - Repente

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

1969 - Maria Bethânia


Em 1969 Maria Bethânia ainda era artista em início de carreira, com apenas 23 anos ela exibia algumas virtudes que ainda hoje marcam seu trabalho. Dentre elas listo o cuidado na preparação do disco, passando pela escolha de banda, arranjos e interpretações com grande carga emocional.
Logo na primeira faixa ela demonstra capacidade de suingar e intensamente solta os pulmões sem perder gingado. Em seguida, com densidade fala do triste momento da separação em "Pra Dizer Adeus". Já "Ponto do Guerreiro Branco" é música de domínio popular (outrora chamada de canção folclórica) em que ela convida-nos para uma roda de capoeira.
O álbum segue a variar ritmos e momentos de tristeza com outros animados. Bethânia acertou tanto no repertório (canta músicas de Dorival Caymmi, Edu Lobo, Capinan, Tom Jobim etc) como nas interpretações, ficando difícil destacar músicas, mas gosto muito do balanço cheio de metais e certa pegada jazzística em "Dois de Fevereiro", assim como da empolgação que ela explicita ao desejar sempre estar ao lado de seu amado em "Andança".

01 - Yê-Melê
02 - Pra Dizer Adeus
03 - Ponto do Guerreiro Branco
04 - Preconceito
05 - Dois de Fevereiro
06 - O Tempo e o Rio
07 - Frevo nº 2 do Recife
08 - Duas Contas
09 - Andança
10 - Onde Andarás
11 - Agora É Cinza - A Fonte Secou - Eu Agora Sou Feliz - O Nosso Amor - Cidade Maravilhosa

terça-feira, 2 de agosto de 2011

2007 - Vitor Ramil + Marcos Suzano - Satolep Sambatown


Satolep Sambatown é a fusão de dois universos particulares. Marcos Suzano, percussionista que além da carreira solo já tocou com artistas como Gilberto Gil, é carioca e tem formação fortemente ligada à tradição sambista do Rio de Janeiro. Dele vem a referência "Sambatown", enquanto "Satolep" é anagrama da cidade natal de Ramil: Pelotas. Vitor define-se como narrador de uma "estética do frio" e para isso lança mão de harmonias abertas, arpejos em cordas de aço e letras banhadas em densa poesia.
O disco já começa com uma ferida exposta. Livro Aberto deixa claro sentimento de falta que vive dentro do poeta que lança mão de frases como "essa cama imensa que não vai passar", sugerindo forte ausência dentro de seu eu. Marcos Suzano acrescenta gravidade e desespero com ricos elementos percussivos, destaque para a cuíca e o vento que sopra ao final da faixa. Em seguida, o vento continua a uivar solidão em "Invento". O caminho segue com músicas a contar viagens, ilusões, aridez, seca, paixões, sonhos, desespero e desejo de encontrar seu lugar.
Além de intenso conteúdo poético, outro ponto alto do trabalho está nos ricos arranjos feitos e no cuidado e beleza que Marcos Suzano imprime nas percussões. Batuques, assobios, cuícas, pandeiros, baterias e inúmeros outros elementos embutem charme e categoria ao disco.

01 - Livro Aberto
02 - Invento
03 - Viajei
04 - Que Horas Não São (part. Kátia B)
05 - O Copo e a Tempestade
06 - A Zero Por Hora (part. Jorge Drexler)
07 - 12 Segundos de Oscuridad
08 - A Ilusão da Casa
09 - Café da Manhã
10 - A Word is Dead
11 - Astronauta Lírico

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

2011 - Luísa Sobral - The Cherry On My Cake


Luísa Sobral é conhecida do público português há algum tempo. Aos 17 anos chegou à final da versão lusitana do programa ídolos. Agora, aos 23 anos, lança seu primeiro disco em que mistura solidez musical com alegria da juventude. Como bem sugere a capa do CD, este é um trabalho quase primaveril. Luísa colore as faixas com letras cheias de sonhos bons, solos de guitarra, banjos, assobios, harpas, pianos, metais, baterias e outros instrumentos com referências jazzísticas. Ela diz que gosta de Chet Baker, Ella Fitzgerald, Billie Holiday e outros mestres do estilo.
A cantora residiu em Boston por quatro anos, período em que estudou no Berklee College of Music e iniciou a compor canções que estão neste disco. Alcançou reconhecimento da crítica americana e foi indicada a melhor artista de jazz e melhor música de jazz em prêmios musicais na terra do Tio Sam, tais como o Malibu Music Awards e International Songwirting Competition.
Sua voz mistura doçura com firmeza e o som lembra-me artistas como os brasileiros Tiê e Thiago Pethit e também a americana Norah Jones. As músicas têm pegada alegre e apaixonada e convidam-nos a flutuar por leve universo musical. Por morar há muito tempo nos EUA, a maior parte de suas canções é composta em inglês, apenas três faixas são cantadas em português.

01 - I Would Love To
02 - Not There Yet
03 - Clementine
04 - O Engraxador
05 - Don't Let Me Down
06 - You Won't Take Long
07 - Mr. & Mrs. Brown
08 - Xico
09 - After All
10 - Why Should I?
11 - Saiu Para A Rua
12 - Déja Vu
13 - Oversize