terça-feira, 31 de maio de 2011

1976 - Edu Lobo - Limite das Águas


Ouço este disco e escuto um Edu náufrago. Perdido em mares de desilusão e guiado pela bússola da esperança, Lobo parece procurar forças para acreditar que o amor pode renascer. A primeira faixa evidencia esse sentimento [de desilusão]: "Tinha traição no caso / Tinha desengano / Tinha leva-e-trás / Um coração calado / Uma intenção partida / Um desencontro a mais". Interessante notar que até a concepção de orquestração foge um pouco dos padrões deste grande arranjador. Aqui, os diálogos mais interessantes estão entre instrumentos de sopro e vocais e o piano perde parte do destaque.
Os instrumentos de sopro remetem ao prenúncio de tempo de águas. Aquele vento que vira e precede chuva que invade o disco junto de letras encharcadas de lirismo em que transbordam palavras como rio, mar, ondas, marinheiro, remador, navegar, destino, fruto, etc.
Como de praxe, Edu estava circundado por excelentes músicos. Dentre outros, listo Toninho Horta, Mauro Senise, Nivaldo Ornelas, Danilo Caymmi e Jacques Morelenbaum.

01 - Uma vez um caso (part. Joyce)
02 - Negro, negro
03 - Considerando
04 - Toada
05 - Gingado dobrado (nordestino)
06 - Limite das águas
07 - Cinco criancas
08 - Segue o coração
09 - Repente

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