sexta-feira, 29 de abril de 2011

1955 - Frank Sinatra - In The Wee Small Hours


Dia desses, numa visita do estimado Gabriel Labanca, professor de torpedologia romântica na universidade do amor, ouvimos o disco que hoje reposto!
Gabriel gentilmente escreveu o texto a seguir.

"Meu pai não se interessa por música, livros ou filmes. Nunca o vi comentando um texto que achou interessante ou elogiando qualquer escritor. Aliás, nas poucas vezes que folheia um jornal, vai direto para os classificados. E mesmo assim é sempre um jornal alheio, por vezes antigo. Não sei se ele já sentou numa poltrona de cinema ou alugou um filme. Se o fez, foi por pura obrigação social. Aparelho de som então, só liga o do carro e mesmo assim para escutar notícias. No entanto, basta ouvir os acordes de uma canção para balbuciar a melodia, mesmo sem conhecê-la. Faz uma segunda voz ou introduz um instrumento novo na música com a boca e parece fazer isso inconscientemente, baixinho, quase imperceptível.
Certa vez, ainda adolescente, ouvi, pela primeira e única vez, ele fazer um comentário sobre música. Alguém cantava em inglês no rádio do carro e meu pai comentou com um amigo que faltava muito para aquele cantor chegar aos pés de Frank Sinatra. Sobre Sinatra só sabia que cantava músicas de velho, das quais conhecia alguns trechos dos comerciais da Som Livre. Intrigado com aquele cantor que podia tirar até o meu pai da inércia, fui pesquisar. Na época, é claro, isso não era tão fácil. Tinha de pegar um ônibus até o único shopping da cidade, escolher um CD na loja de discos e escutá-lo em pé, torcendo para que outro “cliente” não quisesse seus minutos no aparelho de som. Fiquei impressionado com o que ouvi, a potência da voz, a orquestração das músicas, e descobri que também gostava de música de velho. Saí da loja com duas coletâneas “the best of”. Uma para mim e outra de presente para o meu pai, que sequer ouviu o disco. De lá para cá, nunca deixei de escutá-lo, mesmo sem me aprofundar na história do cantor ou de suas canções, coisa que as vezes pode estragar o prazer de escutar uma música.
Recentemente, folheando alguns dos muitos mp3 disponíveis na casa do dono deste prestigioso blog, escolhi aleatoriamente um disco de Frank Sinatra. Mais especificamente uma música lindíssima que nunca tinha ouvido através de sua voz: Can't we be friends. A estrondosa introdução de Sinatra, que deixa qualquer “rapper gangsta” no chinelo, silenciou a sala de imediato e o fôlego dos ouvintes atônitos só foi retomado nos acordes finais... da segunda repetição. Episódios como esses é que nos fazem dar valor às palavras do famoso filósofo dos campos, Romário, no campeonato carioca de 1995: “Rei tem muito, mas Deus só tem um”. E Sinatra é certamente um Deus da música.*

*No entanto, como não estamos nos referindo especificamente a religiões monoteístas, sempre cabem outros Deuses no panteão da música."

01 - In The Wee Small Hours Of The Morning
02 - Mood Indigo
03 - Glad To Be Unhappy
04 - I Get Along Without You Very Well
05 - Deep In A Dream
06 - I See Your Face Before Me
07 - Can't We Be Friends?
08 - When Your Lover Has Gone
09 - What Is This Thing Called Love
10 - Last Night When We Were Young
11 - I'll Be Around
12 - Ill Wind
13 - It Never Entered My Mind
14 - Dancing On The Ceiling
15 - I'll Never Be The Same
16 - This Love Of Mine

6 comentários:

Anônimo disse...

noooooooooooossa, esse é um absurdo de bom

Renzo disse...

Uma maravilha, realmente uma obra prima... ia sair de casa logo após o download, mas desisti rápido... rsrsrsrs

Obrigado pela postagem exclusiva por e-mail, com direito a "texto- bônus" (falei só para deixar os demais leitores com inveja... hahahaha)

clara disse...

gosto da ella fitzgerald cantando can't we be friends com louis armstrong. tem aqui, ó: http://umamusicapordia.blogspot.com/2008/08/1956-ella-fitzgerald-louis-armstrong.html

Jorge disse...

Velho Sinatra. Quem não gosta d'A Voz?
Belos arranjos, belos repertório. Clássico.

Anônimo disse...

Agora não sei dizer qual é o meu álbum favorito do Sinatra. Sempre achei o "Frank Sinatra Sings for Only the Lonely" a melhor companhia para as noites vagas em que costumo ouvir jazz baixinho. Vou ter que repensar — e espero que a resposta seja inconclusa.

PS.: Mas apesar de tudo, continuo achando que "I'll Be Around" é melhor com os arranjos e a voz de Billie Holiday no álbum "Lady In Satin".

Uma Música Por Dia disse...

Renato, bom demais, né?!
Renzo, vi que você mostrou juízo e ouviu o disco antes de sair de casa... rsss. O "texto bônus" agradou também?
Clara, também sou doido com essa versão. Não só com aquela música como com o disco inteirinho, que é de categoria ímpar!
Jorge, quem não gosta "d'A voz" bom sujeito não é.
Ronaldo, torço para que você ouça muitos discos e fique cada vez mais confuso! ahahahaha
Grande abraço a quem é de abraço e beijo a quem é de beijo.