sexta-feira, 5 de agosto de 2011

1976 - Edu Lobo - Limite das Águas


Hoje reposto o disco "Limite das Águas" com texto do grande amigo e consultor para assuntos transcendentais Carlos Jr. Desde nossa adolescência o cara curtia Edu Lobo e um dia conseguiu convencer-me que o cara é sensacional. Acontece que ele leu meu texto sobre este disco e teve ponto de vista diferente do meu. Nada mais justo do dar a voz ao cara.

"Este disco foi criado pelo Edu depois que ele voltou de um período em Los Angeles estudando arranjo e orquestração. Mas ao contrário do que poderia se esperar, é um disco essencialmente centrado na força da canção. Por outro lado, é clara a influência que a temporada no exterior exerceu sobre seu processo criativo. É como se agora Edu fosse capaz de pensar a canção sem estar preso ao instrumento (seja o violão ou o piano – no caso dele, mais o violão), ou pelo menos, como se tivesse adquirido uma habilidade maior para desconstruir a própria idéia original a partir de um leque mais rico de possibilidades musicais, tal como o diretor de cinema que lê o roteiro original e imagina mil situações para transformá-lo em filme.
Em suma, é como se Edu tomasse consciência de que uma canção é mais um roteiro do que uma música, e que o resultado final pode ser infinitamente mais rico do que a mera sobreposição da seção rítmica e melódica à idéia musical original. Talvez neste disco Edu esteja fazendo música como quem faz cinema...
As letras tentam romper de vez com a herança bossa-novista de seu parceiro e referência de início de carreira, Vinícius de Morais. Com exceção talvez de duas faixas, “Considerando” e “Toada”, as letras tentam exprimir uma subjetividade menos linear, mais fragmentada, como que tentando transmitir a intensidade das impressões, mais do que sua síntese numa “moral sentimental da história”. Outras vezes, elas seguem o caminho oposto e assumem a figura de um narrador externo, mas ainda preferindo o relato fragmentado e “impressionado” dos fatos, jogando de forma (propositalmente) confusa com eles, como se a intenção fosse mais construir uma certa “textura simbólica”, do que contar uma história propriamente.
Enfim, este me parece um disco onde Edu se sente maduro o suficiente para permitir se perder, arriscar novos caminhos musicais, sem com isso abrir mão da unidade estética, ou perder o leme do processo criativo. Como se ele tivesse a confiança de que, ao final, ele se encontraria novamente, mas agora num novo patamar artístico."
Carlos Dalla Bernardina Junior

01 - Uma vez um caso (part. Joyce)
02 - Negro, negro
03 - Considerando
04 - Toada
05 - Gingado dobrado (nordestino)
06 - Limite das águas
07 - Cinco criancas
08 - Segue o coração
09 - Repente

Um comentário:

Ligia Protti disse...

Ô, maravilha isso aqui, Vitor! Obrigada por existir! rsrs
Logo de cara encontrar Edu Lobo e Bethânia foi um presente.

bj